– Foto de Steve Knutson –
As mudanças nas dietas dos consumidores têm um impacto na saúde dos mesmos e no ambiente.
Existe uma discrepância gigante entre os extremos das dietas alimentares. A nível global, existem mais de um bilião de obesos (sobrenutrição) e 815 milhões de pessoas mal nutridas (subnutrição) (Bilali et al, 2018).
Enquanto se morre de fome em alguns países, noutros morre-se devido ao excesso de peso e a doenças relacionadas com a sobrenutrição, tais como cancro, diabetes e doenças cardíacas.
Nos países onde há sobrenutrição, acontece outro fenómeno denominado de desperdício/perdas alimentares.
O desperdício alimentar consiste no descarte de enormes quantidades de alimentos durante o seu processamento, transporte, nos locais de venda e pelos clientes finais. Se apenas ¼ da comida desperdiçada globalmente pudesse ser salva, seria o suficiente para alimentar 870 milhões de pessoas no mundo (Capone et al, 2014). Sendo assim, este é um dos principais efeitos da insustentabilidade alimentar que se reflecte nos sistemas alimentares da actualidade. Para além disso, o desperdício alimentar é uma das principais causas da existência de efeitos nefastos para o nosso planeta, incidindo, sobretudo, nas alterações climáticas (FAO, 2017).
Quando, todos os anos, quase 1 bilião de pessoas morre de fome no mundo, cerca de 1/3 da comida é desperdiçada, a nível mundial (Capone et al, 2014).
Parfitt et al, 2010 afirmam que enquanto as perdas alimentares ocorrem ao longo da cadeia de fornecimento (produção, pós-colheita e processamento), o desperdício alimentar ocorre no final da cadeia de fornecimento (retalho e consumo).
O desperdício alimentar/perdas alimentares estão relacionados com alimentos comestíveis para o consumo humano (Gustavsson et al, 2011).
O desperdício alimentar pode ser categorizado como evitável (quando os alimentos podiam ter sido consumidos, como restos, comida estragada ou fora da validade) ou não evitável (consiste em partes dos alimentos que não podem ser consumidos, como ossos, conchas, etc.) (Gustavsson et al, 2011).
Cerca de 30-50% dos alimentos produzidos, a nível global, não chegam ao consumidor final (Capone et al, 2014).
Referências:
Charles, H. Godfray, J. Garnett. Food security and sustainable intensification.(2014). Philosophical Transactions of the Royal Society. London. UK. 369:369:20120273.
Capone, R. Bilali, H.E. Debs, P. Cardone, G. Driouech, N. Food system sustainability and food security: Connecting the dots. (2014). Journal of Food Security. Bari. Italy. 2(1):13-22.
Bilali, H.E. Callenius, C. Strassner, C. Probst, L. (2018). Food and nutrition security and sustainability transitions in food systems. (2018). Food and Energy Security. Viena. Áustria.1-20.
FAO. The future of food and agriculture – Trends and challenges. (2017). Food and Agriculture Organization of the United Nations. Rome. Italy. ISBN 978-92-5-109551-5.
Parfitt, J. Barthel, M. Macnaughton, S. Food waste within food supply chains: quantification and potential for change to 2050. (2010). Philosophical Transactions of the Royal Society. 365.3065-3081.
Gustavsson, J. Cederberg, C. Sonesson, U. van Otterdijk, R. Meybeck, A. Global food losses and food waste: extent, causes and prevention. (2011). Food and Agriculture Organization of the United Nations. Rome. Italy. ISBN 978-92-5-109551-5.